sábado, 13 de novembro de 2010

Uma lenda viva na cidade do sol.



Por Peagá Rodrigues (colaborador de ouro)


Quando me pediram que fizesse uma resenha desse show, me encontrei em arrepios. Não por ser um show que eu espero a tantos anos e nunca imaginei ver. Mas por ter visto. O Armazém estava lotado, como não podia deixar de ser e o resto vocês vão ficar sabendo agora.


O dia era 30 de março do ano de 1974. O lugar era o Performance Studios. Não sei se havia tanta expectativa. Com certeza não havia. Não havia fãs, apenas alguns gatos pingados com suas cervejas ‘a tira colo’. Quatro garotos do Queens fazem sua primeira apresentação. Mal sabiam que aquele nome se tornaria referência anos e anos depois. Ramones. Esse é o nome da banda que desde os anos 70 embala o juízo dos jovens e não tão jovens assim.


O dia era 07 de novembro do ano de 2010. O lugar, Armazém Hall no Festival DoSol. A expectativa rondava a cidade meses antes e minutos antes também. Muitas pessoas e em suas camisas havia escrito: Ramones. O dia já havia sido bastante produtivo com as onze bandas que tocaram antes. Mas, como já foi dito, faltava o prato principal. Aquele prato que você anseia por degustá-lo e quando prova sua gula toma conta. Não sacia. O calor era infernal, mas disso vocês já sabem. O que não sabem é que ele não importava. A multidão aglomerava-se no centro do armazém e não importavam calor, fome, sede, aperto. Os olhos voltados para o palco e as pessoas, eufóricas, pediam que aquele sonho começasse logo, com a clássica frase “Hey, ho let’s go”. Em dado momento, o que parecia impossível aconteceu. Marky Ramone sobe ao palco, monta sua bateria e deixa aquele meio mundo de pessoas mais enlouquecido ainda. Logo após, uma breve ida ao microfone para dizer “Hey, ho let’s go”. Pronto, não se precisava de mais nada. Quer dizer, precisava sim.


Não me recordo à hora, apenas o momento. Os outros integrantes da Marky Ramones Blitzkrieg sobem ao palco. O Ramone sobe em seguida e começa aquele que seria, na minha humilde opinião, o melhor show de todos os tempos que o Festival DoSol já viu e veria. A euforia era tanta que não me recordo à primeira música tocada, nem a ultima. Recordo-me de todas, como se eu estivesse ouvindo os CDs do Ramones no meu quarto. Só que ao mesmo tempo conversando com um Ramone. De contrapartida ao calor lá embaixo, lá em cima existia um corpo sedento por punk rock e por fazer aqueles também sedentos, os mais felizes. Não era apenas um cara com um nome subindo ao palco beirando seus 60 anos para ganhar dinheiro. Não era e não parecia. Musicas como “Havana Affair”, “Pinhead”, “Today Your Love” e “Tomorrow The World”, fizeram todos morrerem e voltarem vivos para o resto. Ainda teríamos “Teenage Lobotomy”, “I Believe in Miracles”, “Pet Sematary”, “The KKK Took My Baby Away” e outros clássicos. 32 músicas. 1hora e 20 minutos de show, aproximadamente. Foi exatamente esse o tempo do show que mudaria de vez o cenário roqueiro da cidade de Natal.


Foi um show puro e digno de Ramones. No final, com o público ainda insano, uma surpresa. Michale Graves, ex-vocalista da outra lendária banda Misfits, cantou a voz e violão, 3 músicas da sua ex-banda. “Scream”, “Saturday Night” e “Descending Angel”, fizeram os apaixonados por Misfits experimentar um gostinho de quero mais. E foi assim que se deu fim ao 2° dia de shows do Festival. Com uma lenda viva na cidade do sol.

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